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PORTO VELHO: CHEGAMOS AO BECO, BASTA!

19/06/2013

Há momentos nos quais não adianta mais fingir de conta que tudo faz parte da vida e que sempre foi assim. Há momentos nos quais chegamos ao limite e não adianta mais negar: o beco nos cerca e não temos mais para onde ir. Porém, são nesses momentos de extremo cerceamento que só nos resta anunciar: Basta! Sísifo não agüenta mais empurrar a pedra. Agora, a liberdade e o respeito exigem um espaço além do beco: queremos dignidade.

Porto Velho viveu sempiternamente, gestão após gestão, sob a égide do desrespeito para com os seus habitantes. Nessa história de imposição de sofrimento, as condições dos serviços públicos prestados não passaram da linha da precariedade. E não adianta eufemismo ou o manejo de verbetes que não fazem mais nem o Soneca dormir: somos estuprados socialmente pelo ente que tem com função precípua nos servir  com qualidade.

Nosso transporte coletivo é um dos piores do Brasil. O preço da tarifa, em relação ao serviço prestado, é um chute na face de quem utiliza esse transporte. Temos uma frota reduzida e ônibus sucateados que não respeitam nem horários. Aliás, desrespeitar é uma arte das empresas de ônibus: qualquer cidadão com necessidades especiais ou da melhor idade sabem na pele as ofensas diárias que recebem ao tentar andar de coletivo.

Quanto ao trânsito desta cidade, sabemos que sempre foi gerido por uma espécie de anti-hefesto: homens incapazes de resolver um respeito de lego com duas peças. Pelo descaso, transitar por Porto Velho se tornou o tour dentro de um labirinto com apenas porta de entrada. Talvez a idéia deles seja, de fato, aumentar os índices de  acidentes.

Narrar mazelas de nossa educação e saúde é como alimentar o Hulk com mais raiva: todo mundo já sabe o começo, o meio e o fim: tudo está esmagado. Salas de aulas insalubres, professores mal remunerados, etc. A saúde é um corredor da morte: pacientes em condições subumanas: infecções letais, demora no atendimento, falta de medicamentos, etc. É a Guernica de Picasso em estado carnal.

A segurança, por sua, vez se tornou caso insegurança pública. E também poderíamos falar dos nossos pífios índice de desenvolvimento humano: ausência de urbanização, de bibliotecas, de áreas verdes, de uma beira-rio, etc. Mas já sabemos demais sobre isso e muito mais: Porto Velho vive na época da pedra lascada e sem os Flintstones.

Enquanto isso, o dinheiro público (nosso por natureza!) é lançado ao desperdício e à corrupção. Em Porto Velho, construíram os viadutos mais caros do mundo e que nunca foram concluídos. A Estrada de Ferro já teve milhões em reformas e sempre permaneceu do mesmo jeito. E isso se espalha por toda a cidade: cada obra custa mais do que vale e, quando se consegue terminá-la, é de baixa qualidade. Sem contar que pessoas que, alhures não tinham nem jegue prá andar, hoje andam de pick-up, vivem em castelos e só bebem vinho francês: tudo a custo da coisa pública, logo, as nossas custas.

Contudo, a maioria silenciosa não agüenta mais. Basta! E longe de ser um movimento local, o rizoma revolucionário explodiu e o beco ruiu tal qual o Muro de Berlim. O brasileiro não suportamos mais tanto desrespeito. Não aceitamos mais a migalhas que somos obrigados a engolir secamente. Não queremos mais viver como se Porto Velho ou  o Brasil fossem a casa-grande do senhor do engenho.

Junho de 2013: não lutamos apenas por liberdade, exigimos dignidade!

Respeitem Porto Velho! Respeitem o Povo Brasileiro!